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História e Arte no Centro de Santos
O Centro Histórico de Santos é um importante acervo histórico
do país, composto por edifícios e monumentos que representam
os diferentes períodos de nossa história. Desde a sua fundação,
em 1545, até meados do século XIX, Santos teve um lento
ritmo de crescimento, mantendo por dois séculos a mesma estrutura
física e urbana. A partir de 1850, com a chegada do café
no estado de S.Paulo e, principalmente, com a inauguração
da ferrovia São Paulo Railway, em 1867, Santos entra em um forte
processo de desenvolvimento econômico, que se prolonga por cem anos,
até meados de 1967. É nessa fase que se concentra a construção
de seu rico patrimônio histórico. Após esse período,
o desenvolvimento comercial de Santos desloca-se para outras regiões
da cidade, levando o Centro a uma longa fase de estagnação,
não de todo negativa, pois foi o principal fator da preservação
de casarões e palácios construídos na era áurea
do café.
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Redescobrindo o Centro
A partir dos anos 90, Santos assume sua vocação turística
e volta-se para seu maior atrativo: o Centro, com sua riqueza histórica
e arquitetônica e o patrimônio turístico que ele representa.
Hoje, inúmeras intervenções já estão
concluídas: a restauração de palácios, como
a Bolsa Oficial de Café e da Banca Italiana di Desconto, além
de obras em andamento ou ainda no projeto. Entre as obras em andamento,
podemos destacar a revitalização do Largo Marquês
de Monte Alegre, onde a restauração e reforma da Estação
do Valongo dará lugar ao Museu de Transporte e à sede da
Secretaria de Turismo de Santos. Outra grande intervenção
que deverá chamar a atenção de santistas e turistas
para o Centro é o novo bonde turístico, que agora corta
ruas históricas com trilhos e fatos da Santos antiga. Acompanhe
a seguir os acontecimentos que marcaram a formação do Centro
Histórico.
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O princípio: 1540 – 1545 Surge o povoado
santista, quando o Sr. Luiz de Góes e sua esposa Catarina mudam-se
para Enguaguaçu e constróem uma pequena capela sobre o Outeiro
de Santa Catarina (1). No mesmo ano, o fidalgo português Brás
Cubas chega à região e instala uma fazenda na Ilha Pequena
(atual Barnabé). Em 1541, ele muda-se para Enguaguaçu, onde
constrói sua casa junto ao Outeiro e, no mesmo ano, transfere para
ali o porto da Vila de São Vicente. O Enguaguaçu, privilegiado
por sua localização geográfica, passa a denominar-se
Porto, por ser parte integrante (e porto) da Vila de São Vicente
(2). Em 1543, é fundada a Santa Casa de Misericórdia de
Todos os Santos, a primeira do Brasil, cuja construção iniciou-se
no ano de 1542 (3). Com o aumento do comércio e um surto de crescimento,
Brás Cubas concede foro de Vila ao pequeno povoado, passando este
a denominar-se Santos.
O que ver:
1. Outeiro de Santa Catarina: local de origem do povoado de Santos e fundação
da vila.
2. Cais do Valongo/Armazém 07: local exato do primeiro trapiche
santista.
3. Praça da República: onde localizava-se a primeira Santa
Casa.
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Aspectos Urbanos: 1540 - 1545 No tempo de Brás
Cubas, grande parte do Centro Histórico era utilizado para a atividade
pastoril que abastecia os curtumes localizados junto ao Morro do Pacheco,
instalações consideradas como as primeiras indústrias
da cidade. Após a fundação da Vila, são construídos
a primeira Câmara e Cadeia e o Pelourinho, principal instrumento
de pena judicial (1). Na Vila, as propriedades eram demarcadas por cruzes.
Ainda hoje existe no Centro uma preciosa relíquia desses tempos:
um cruzeiro de granito que demarcava o início da antiga Rua da
Cruz, atual Itororó (2).
O que ver:
1. Praça da República: ali existiu a primeira Câmara
e Cadeia e o Pelourinho.
2. Igreja do Carmo: cruz de granito que demarcava o início da Rua
da Cruz.
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Chegada dos religiosos: 1546 - 1763
Em 1546 são inaugurados a Câmara e Cadeia e o antigo Pelourinho
(1) . A Igreja da Graça é inaugurada em 1570 (2). Em 1603,
por ordem do Governador da Capitania, é construída a Capela
de Nossa Senhora do Monte Serrat sobre o Morro do Vigia (3). Santos é
atacada por piratas em 1615 e a população refugia-se no
Monte Serrat. O desabamento do Morro sobre os piratas consagra a santa
como a padroeira da cidade. Em 1640, chegam a Santos os frades franciscanos,
que fundam um convento (4). Dez anos depois, em 1650, são os beneditinos
que fundam o Mosteiro de São Bento (5). É inaugurada a Igreja
de Nossa Senhora do Carmo em 1752, consagrada por prestar serviços
essenciais à comunidade (6).
O que ver:
1. Pça da República: sede da primeira Câmara e
Cadeia e do Pelourinho.
2. Ruas do Comércio com José Ricardo: local da antiga Igreja
da Graça.
3. Monte Serrat: abrigou a população quando dos ataques
de piratas.
4. Igreja de Santo Antônio do Valongo: fazia parte do antigo Convento
de São Francisco.
5. Museu de Arte Sacra: antigo mosteiro de São Bento.
6. Igreja do Carmo: sede da Venerável Ordem Terceira do Carmo.
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Aspectos Urbanos: 1546 - 1763
Com a produção de cana-de-açúcar no Nordeste,
Santos entra em um longo processo de estagnação, e só
volta a crescer com a fundação da Vila de São Paulo
de Piratininga e o início das bandeiras. Com o desenvolvimento
das relações comerciais com São Paulo, surge um novo
bairro, próximo ao início do Caminho do Mar, denominado
Valongo. Neste bairro se instalam as primeiras hospedarias e é
onde o porto se desenvolve. Por estar distante do núcleo já
existente, o Largo da Matriz com seus edifícios públicos
(junto ao Outeiro de Santa Catarina), surge entre os dois núcleos
um caminho, mais tarde denominado Rua Direita, que veio a tornar-se, já
no final desse período, a mais importante rua de Santos - a XV
de Novembro.
O que ver:
1. Rua XV de Novembro: antiga Rua Direita.
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De Vila à Cidade: 1763 - 1867
Na passagem do século XVII para o XVIII, Santos tornava-se uma
cidade comercialmente próspera. Em 1763 nascia, em um casarão
da Rua Direita (1), José Bonifácio de Andrada e Silva, figura
histórica que articulou a independência do Brasil. Em setembro
de 1822, D.Pedro I vem a Santos inspecionar tropas e fortificações.
No retorno, em 7 de setembro, declara a Independêcia do Brasil,
próximo à antiga localidade do Ipiranga. No dia 26 de janeiro
de 1839, a Vila de Santos é elevada à categoria de Cidade
em ato comemorado na antiga Câmara e Cadeia (2). A Inauguração
da ferrovia São Paulo Railway (3) em 1867, construída para
escoar a produção de café do inteior para o porto,
coloca Santos em um novo ciclo de sua história.
O que ver:
1. Câmara Municipal, antigo local onde existiu a residência
de José Bonifácio.
2. Cadeia Velha: abrigou por alguns anos a Câmara Municipal.
2. Estação do Valongo: inaugurada em 1867, marca o início
do ciclo cafeeiro santista.
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Aspectos Urbanos: 1763 - 1867
Clique e veja mapa da Vila de Santos em 1765. |
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Em 1765, Santos possuía uma população fixa de 1.625
habitantes e 13 vias públicas. Cortando a Vila, havia três
ribeiros São Bento, Itororó e São Jerônimo,
que nasciam nos morros e desaguávam no porto, atravessando a zona
rural e urbana. A cidade crescia, agora junto à Rua Direita, eixo
entre o Valongo e o Largo da Matriz. Nesse período, é construída
uma nova alfândega (1) próxima ao Valongo, novas igrejas,
como a da Misericórdia (2), e uma nova Câmara e Cadeia (3).
A Santa Casa é transferida para o pé do Morro de São
Bento. A água da cidade já provinha da Fonte do Itororó
(4), anos depois imortalizada em uma marchinha carnavalesca.
O que ver:
1. Cais do Valongo/Armazém 2: local onde existiu a segunda Alfândega.
2. Praça Mauá: localização exata da Igreja
da Misericórdia.
3. Praça dos Andradas: Cadeia Velha
4. Fonte do Itororó: resquícios da fonte no sopé
do Monte Serrat.
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Café e Progresso: 1867-1929
Com a chegada da Ferrovia e do café, a cidade passou a crescer
em proporção nunca vista. Em 1882 era inaugurado o Theatro
Guarany (1), que sediou inúmeros espetáculos pró-abolicionimo
e republicanos. Neste mesmo período, o governo imperial abre concorrência
e Cândido Gafrée e Eduardo Guinle (2) iniciam a construção
do primeiro trecho de cais organizado do país (3). Em 1894 é
promulgada pela Câmara a primeira constituição municipal
do país (4). A Bolsa Oficial de Café (5) é inaugurada
em 1922, tornando-se, pela sua imponência, símbolo da riqueza
cafeeira. Um dos primeiros e luxuosos cassinos da cidade é inaugurado
em 1924 (6). Em 1929, o "crash" na Bolsa de Nova York leva à
falência inúmeros empresários da cidade. Toneladas
de café são queimadas no porto por falta de compradores.
O que ver:
1. Theatro Guarany: principal palcodos movimentos abolicionista e republicano.
2. Monumento aos Guinle, na Praça Barão do Rio Branco.
3. Cais do Valongo, armazéns 1 e 2.
4. Casarões do Valongo: antiga Câmara, local da primeira
constituição.
5. Bolsa Oficial do Café: marco da riqueza cafeeira.
6. Casino Monte Serrat: arquitetura e sistema funicular preservados. |
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Aspectos Urbanos: 1867-1929
Clique e veja mapa da Vila de Santos em 1878. |
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Em 1870, a população já era estimada em 10.000 habitantes.
A cidade cresceu e a área rural entre os morros e o porto deu lugar
a ruas e quadras. O progresso transformou Santos. A antiga Matriz (1), o
Convento Franciscano (2), as Igrejas da Graça (3) e da Misericórdia
(4) e inúmeros casarões do período colonial foram demolidos.
Das 11 igrejas existentes restaram apenas 5. A região manguenosa
da praia do Valongo é aterrada, dando origem ao Largo Marquês
de Monte Alegre, com a nova sede da Câmara (5) e a nova Estação
de Trem (6). Instalam-se na cidade consulados, correios e telegraphos e
inumeras casas bancárias. Surgem as Praças Mauá e dos
Andradas. O desenvolvimento também leva a população
a habitar áreas mais distantes, como os bairros da orla. O
que ver:
1. Praça Antônio Telles: local da antiga Matriz.
2 e 6. Estação do Valongo, local do antigo Convento Franciscano.
3. Rua do Comércio, esquina com Rua José Ricardo.
4. Praça Mauá: sede da antiga Igreja da Misericórdia.
5. Casarões do Valongo, antiga Câmara e Prefeitura Municipal. |
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Transformação e Estagnação: 1929-1967
Após a craque de 1929, a economia começou a se recuperar.
Em 1933, resultado da política intervencionista de Getúlio
Vargas, foi criado o Depto Nacional de Café e a Bolsa foi fechada
por tempo indeterminado. Em 1940, o jogo é proibido e o Casino
Monte Serrat é fechado. A Bolsa é reaberta em 1942, funcionando
como Bolsa de Mercadorias e Futuro e centralizando operações
de mercadorias em geral, mas já registra sinais de decadência.
Em 1952 é criado o Instituto Brasileiro de Café e, em 1962,
surge o café solúvel. O café perde força e
o Centro entra em profundo processo de estagnação.
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Decadência e Preservação: 1967 - 1995
Santos sofre intervenção federal em 1968. Minas Gerais
passa a oferecer incentivos fiscais que atraem para lá a armazenagem
do grão de café e inúmeros escritórios de
corretagem pedem concordata em Santos. Armazéns espalhados pelo
Centro e Paquetá fecham suas portas. O comércio sofre. Os
Bancos S. Magalhães e Faro, os únicos genuinamente santistas,
são liquidados. Em 1980, o porto é reestatizado e entra
em processo de estagnação. Aumenta a fuga de carga para
outros portos devido ao alto custo das operações portuárias
em Santos. Em 1988, a cidade retoma sua autonomia administrativa. Em 1995,
a Reforma do Outeiro de Santa Catarina marca o início de revitalização
do Centro.
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Revitalização 1995-2000
As primeiras iniciativas do poder público para a recuperação
do Centro ocorrem em 1989 e 1991, com a criação de incentivos
fiscais e isenção de impostos para imóveis restaurados
e preservados. Mais tarde, o projeto "Cores da Cidade" dá
nova cara ao Centro, a Bolsa do Café é restaurada e é
fundado o Museu dos Cafés Brasileiros.
Num processo de reconscientização, o Centro passa a ser
chamado Centro Histórico. Inicia-se o Movimento Centro Vivo, reunindo
empresários interessados na sua revitalização. Em
1999, o novo plano diretor do Munícipio contempla o Centro Histórico
com o Potencial de Crédito Construtivo, mecanismo de compensação
pelo não aproveitamento do terreno de imóveis históricos,
que contribui profundamente para a valorização do patrimônio
arquitetônico do Centro. Em 2000, a inauguração da
linha do bonde turístico consolida o processo e o Centro Histórico
passa a ser roteiro obrigatório do desenvolvimento da cidade.
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